Colégio Porto Seguro informou que apurou manifestações de alunos em redes sociais e desligou os jovens. 'Reiteramos nossa consternação e indignação com o conteúdo de caráter racista, antissemita e misógino de algumas dessas mensagens', afirmou a instituição.
Por Arthur Menicucci, g1 Campinas
Mensagem xenofóbica foi enviada em grupo de estudantes de colégio particular de Valinhos — Foto: Reprodução/EPTV
Oito alunos foram expulsos, nesta sexta-feira (4), de um colégio de Valinhos (SP) após um estudante negro de 15 anos denunciar mensagens racistas, machistas, gordofóbicas e xenofóbicas em um grupo de WhatsApp. Em nota, o Colégio Visconde de Porto Seguro informou que desligou os jovens após uma apuração interna do caso.
O grupo de WhatsApp reuniu mensagens com referências a ditadores, como o nazista Adolf Hitler e o fascista italiano Benito Mussolini. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil. Relembre aqui.
Nesta quinta-feira (3), a Federação Israelita do Estado de São Paulo divulgou uma nota para cobrar do colégio "atitude enérgica" contra a situação.
De acordo com o Colégio Visconde de Porto Seguro, foi feita uma apuração das manifestações de alunos nas redes sociais. "Reiteramos nossa consternação e indignação com o conteúdo de caráter racista, antissemita e misógino de algumas dessas mensagens", comunicou a unidade.
"Reforçamos nosso repúdio veemente a toda e qualquer forma de discriminação e preconceito, os quais afetam diretamente nossos valores fundamentais. Nesse sentido, o Colégio aplicou aos alunos envolvidos as sanções disciplinares cabíveis nos termos do Regimento Escolar, inclusive a penalidade máxima prevista, que implica seu desligamento imediato desta instituição", comunicou o colégio.
O Porto Seguro informou, ainda, que reforçará as práticas antirracistas, de conscientização e respeito à diversidade, em todos os campi "para procurar evitar a reincidência de uma situação gravíssima e inadmissível como essa". Leia a nota completa ao fim da reportagem.
Agora, os pais dos jovens expulsos devem procurar outros colégios para os alunos se matricularem.
O advogado dos adolescentes desligados afirmou que a decisão da instituição foi precipitada e que não "houve o direcionamento de ofensa racial a qualquer aluno da escola". Veja a posição mais abaixo.
Conteúdo machista também foi encaminhado em grupo com jovem negro de escola particular de Valinhos — Foto: Reprodução/EPTV
Investigação da Polícia Civil
O caso é investigado pela Polícia Civil. Diretor do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior 2 (Deinter-2), José Henrique Ventura afirmou que os responsáveis estão sendo identificados e que pelo menos um crime foi cometido, mas outros podem ser verificados durante a investigação.
"Pode ser até apologia a alguma outra coisa, mas a injúria racial está caracterizada. Esse expediente será encaminhado provavelmente ainda hoje [terça] para o Juizado da Infância e Juventude. Lá o Ministério Público vai se manifestar", disse Ventura.
"O juiz da Infância e Juventude vai instruir e aplicar a penalidade que ele achar aplicável ao caso que não seja medida restritiva de liberdade porque são adolescentes", afirmou o diretor do Deinter-2.
O caso
O grupo de WhatsApp foi criado, segundo a advogada e o filho dela, por estudantes do colégio no domingo (30) e denominado de Fundação Antipetismo. Segundo a mãe do estudante, depois que o jovem foi adicionado e questionou as imagens, foi excluído.
"Quero que esses nordestinos morram de sede", escreveu um dos membros do grupo. Outra mensagem tinha figurinhas de suásticas, símbolo do nazismo. Outra mensagem dizia: "A Fundação dos Pro Reescravização do Nordeste".
Após ser excluído, o estudante encontrou mensagens no Instagram de um integrante do mesmo grupo se referindo a Hitler e à morte de judeus. Ele denunciou e foi novamente alvo de ofensas. Relembre na reportagem abaixo.
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