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Para 58%, Bolsonaro não tem capacidade de liderar o Brasil

16.5.21

/ por casinhas agreste

A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não tem capacidade de liderar o Brasil segundo 58% dos brasileiros, mostrou pesquisa realizada pelo Datafolha na terça (11) e quarta-feira (12). É o maior percentual da série histórica desde que o instituto começou a fazer a pergunta, em abril de 2020.


Para 38%, Bolsonaro possui, sim, condições de comandar a nação, com base no que ele fez e está fazendo pelo país; 4% responderam não saber. O resultado vem a público em meio às críticas pela lentidão na vacinação contra a Covid-19, o descontrole da pandemia e a deterioração da economia.

O levantamento foi feito a partir de 2.071 entrevistas de forma presencial em 146 municípios espalhados por todo o Brasil. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

Na pesquisa anterior, de março, 56% disseram não enxergar capacidade, 42% afirmaram que sim e 3% não opinaram. Desde a aferição de 27 abril do ano passado, a parcela dos que respondem que o presidente carece de aptidão para governar o país é superior à dos que veem o contrário.

Nos subgrupos representados na pesquisa, o de empresários é o único que majoritariamente acha hoje que Bolsonaro é capaz de liderar o Brasil, com 62% dos entrevistados que expressaram esse sentimento.

A categoria é também a que concede a melhor avaliação positiva ao governo, com 48% de ótimo ou bom -na média geral da população, o índice é de 24%, a pior marca do mandato até aqui.

Com exceção do empresariado, em todos os demais segmentos sociodemocráficos relevantes os resultados sobre a inaptidão do atual chefe do Executivo sobressaem, de acordo com o Datafolha.

A avaliação de que o presidente tem capacidade para a missão também é elevada entre os evangélicos. Nessa parcela, que usualmente confere popularidade a Bolsonaro, 49% veem nele condições de liderar o país, índice que cai para 34% entre católicos e para 28% entre espíritas/kardecistas.

No recorte geográfico, o diagnóstico de incapacidade atinge o maior patamar (65%) no Nordeste -região que, segundo o Datafolha, concentra hoje a maior resistência a Bolsonaro e desaprovação do governo.

Já na região Sul, que entrega ao presidente suas maiores taxas de aprovação e intenção de voto para 2022, o percentual dos que o julgam capaz é de 44%, ante 51% que pensam o contrário.

Quando a pandemia começou, Bolsonaro desfrutava de posição mais confortável no quesito capacidade. No início de abril de 2020, ele era tido como apto a liderar o país por 52%, ante 44% que o julgavam inábil. Depois disso, a taxa de incapacidade passou a ocupar a dianteira em todas as pesquisas.

Desde então, o presidente deu sinais de inoperância diante da crise, sabotando medidas de prevenção sanitária, negligenciando vacinas e transmitindo imagem de desalinhamento com seu "posto Ipiranga", o ministro Paulo Guedes, a quem alegadamente terceirizou a condução da economia.

Sob Bolsonaro, o Brasil se transformou em um dos epicentros globais da Covid, doença que já matou mais de 430 mil brasileiros. A responsabilidade do governo no descontrole da pandemia é alvo da CPI da Covid, que foi instalada no Senado em e já reuniu depoimentos comprometedores para o Executivo.

Segundo o Datafolha, 51% da população consideram a atuação de Bolsonaro na pandemia ruim ou péssima, ante 21% de pessoas que acham sua conduta ótima ou boa.

Na seara econômica, os brasileiros experimentam o agravamento de problemas como inflação, desemprego e fome, em meio a um cenário de paralisia da agenda do governo no Congresso e do enfraquecimento crescente de Guedes.

Apesar de notícias alvissareiras, como a volta do pagamento do auxílio emergencial, agora com alcance reduzido, e a criação de 837 mil vagas de trabalho com carteira assinada no primeiro trimestre, os sinais de retomada da atividade são lentos e desiguais, formando um quadro ainda preocupante.

Um pedido de reconhecimento da incapacidade civil de Bolsonaro para ocupar o cargo foi apresentado na quinta-feira (13) ao STF (Supremo Tribunal Federal) por um grupo de acadêmicos, advogados e professores. Na ação civil pública, eles reivindicam o afastamento do presidente.

Os autores apontam razões jurídicas, sociais e psíquicas. Afirmam que Bolsonaro "não está exercendo devidamente" a função e falha na execução de políticas públicas, pecando por "palavras, ações e omissões". Além disso, apresenta "incapacidade de cognição e ação".

O grupo requisita ao STF a realização de perícia médica para verificar possível anormalidade de personalidade do presidente. O relator do caso é o ministro Gilmar Mendes, que ainda não se manifestou.

A ação é assinada pelo presidente da APD (Academia Paulista de Direito), Alfredo Attié Jr., e pelos professores Renato Janine Ribeiro (USP), Roberto Romano (Unicamp), Pedro Dallari (USP) e José Geraldo de Sousa Jr. (UnB), além dos advogados Alberto Toron e Fábio Gaspar.

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