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Famílias tentam encontrar crianças desaparecidas no Rio de Janeiro

26.1.21

/ por casinhas agreste

Famílias tentam manter esperança um mês depois do desaparecimento de três meninos em Belford Roxo; polícia investiga tráfico local

Avó dos primos Alexandre e Lucas tem esperança de fazer uma festa pelo retorno dos netos. Investigadores também aguardam resultado de exame de DNA feito em camisa.

Lucas Matheus, 8 anos; Alexandre da Silva, 10 anos; e Fernando Henrique, 11 anos, desapareceram no dia 27 de dezembro — Foto: Reprodução/TV Globo



Só mesmo a esperança de poder rever os netos com saúde faz a cozinheira Sílvia Regina da Silva ter forças para buscar informações sobre os três meninos desaparecidos desde 27 de dezembro na comunidade Castelar, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense.


A Polícia Civil investiga o caso e apura a participação do tráfico local. Investigadores também aguardam o resultado de um exame de DNA feito em uma roupa encontrada em uma comunidade perto de onde os meninos moram.


Há um mês, os primos Alexandre da Silva, de 10 anos, e Lucas Matheus, de 8 anos, e o colega Fernando Henrique, de 11 anos, sumiram depois de saírem de casa para jogar bola num campinho no condomínio onde moram e nunca mais foram vistos.

Familiares dos 3 meninos que sumiram em Belford Roxo voltam a cobrar informações da polícia — Foto: Reprodução/TV Globo

"A esperança é a última que morre, né? Tenho quase certeza que eles ainda estão vivos. A fase da bronca já passou. Agora, quando eles aparecerem vou mesmo é fazer uma festa, encher eles de abraços e de beijos", disse Regina.

Ela conta que parou de trabalhar na casa de repouso onde era cozinheira para se dedicar exclusivamente à busca dos netos Alexandre, que mora com ela, e Lucas, que mora no mesmo condomínio.
"A polícia não tem nenhuma pista. Mas vou lá quase todo dia para que o caso não caia no esquecimento. Alguém tem de me explicar como é que essas crianças sumiram assim, sem ninguém ver", disse a avó.

O tio de Fernando Henrique, Anderson Caetano, conhecido como Dudu, contou que depois do desaparecimento, a mãe de Fernando Henrique mudou sua rotina. Anderson também não consegue imaginar o que aconteceu.


"A mãe dele agora, está muito agitada, fica trancada em casa com os outros filhos de 4 anos e 1 ano. Não sei como esses meninos sumiram. Nenhuma câmera viu. Mas entra carro e moto no condomínio o tempo todo. Fico pensando se não colocaram eles num carro e saíram de lá à noite sem ninguém ver. A gente ainda tem esperança de encontrar Fernando vivo. Ou ao menos que digam onde está o corpo para a família poder enterrar", disse ele
Rotina dos meninos
Parentes e amigos das três crianças que desapareceram em Belford Roxo pedem ajuda


Regina conta que Lucas e Xande estavam acostumados a jogar bola no campinho com outras crianças do condomínio e que, ao contrário do que ouviu de "muita gente maldosa", nunca ficavam sem supervisão de outros adultos.


Perguntada sobre a rotina das crianças, ela lembrou de detalhes:


"O Xande gosta mais de soltar pipa e de passarinhos. Todo dia ele acordava, cuidava dos passarinhos, colocava lá fora para pegar sol. O Lucas vivia aqui em casa. Ele gosta de jogar futebol, é bom de bola. Jogava até com os mais velhos. Agora, abro a porta e fico olhando para o nada, para o lugar onde Xande colocava os passarinhos", contou Regina.



Ela afirma que lembra de apenas um episódio em que Xande e Lucas saíram de casa sem avisar. Foi pouco antes do Natal, quando os meninos decidiram ir ao mercadinho no bairro Santa Amélia para ajudar a ensacar compras e ganhar um dinheirinho.



"Só apareceram depois das 18h em casa. Levaram uma bronca e até apanharam", contou Regina.




No dia do desaparecimento, ela conta que os meninos foram jogar bola no campinho. Depois voltaram em casa, tomaram banho, trocaram de roupa e, como o almoço ainda não estava pronto, pegaram pão e voltaram para o campinho. Colegas do condomínio contaram que Xande chamou os meninos para ir à feira comprar comida de passarinho. Outros colegas não quiseram ir.


"Dizem que eles foram sozinhos, por um atalho que atrás do condomínio. Era domingo e o portão do condomínio fica fechado. Sei que o Xande pediu dinheiro à mãe, mas ela disse que só tinha R$ 2. O Lucas tem um cofrinho cheio de moedas. Não sei se ele chegou a pegar dinheiro. O que a gente sabe é que o outro menino, o Fernando, tinha R$ 4", disse Regina, que só veio a conhecer a família de Fernando com o desaparecimento das crianças.

30 dias sem pistas


Polícia vai colher material genético de mães de desaparecidos em Belford Roxo


A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense e a Ordem dos Advogados do Brasil aguardam o resultado do exame de DNA feito em uma camisa encontrada com sangue na própria comunidade em que eles moravam. A Polícia colheu material genético das mães dos três desaparecidos.


Desde o desaparecimento, nenhuma das câmeras analisadas continha imagens da movimentação das crianças em Belford Roxo ou mesmo outros pontos da Baixada Fluminense e da Capital.


O delegado titular da DHBF, Uriel Alcântara, disse que, diante da falta de informações sobre o paradeiro dos meninos, a investigação sobre a possível participação do tráfico ganhou força.



Há uma linha que investiga se os meninos teriam sido mortos após um deles ter roubado uma gaiola de passarinho de um parente de um dos traficantes do Castelar, onde moram.


“É uma hipótese, mas não tem nada concreto que tenha realmente ocorrido. É uma informação que a gente recebeu e que com o passar do tempo passou a ter um peso maior sobre a possibilidade de ser o tráfico”, afirmou o delegado.


Um homem chegou a ser levado como suspeito do crime por moradores da região. Segundo a Polícia Civil, ele foi torturado por traficantes e obrigado a confessar.

Ônibus é incendiado em protesto contra desaparecimento de três crianças em Belford Roxo, na Baixada Fluminense — Foto: Henrique Coelho/G1



No dia, houve protestos e até um ônibus queimado na Avenida Retiro da Imprensa, próxima à comunidade do Castelar. A partir daí a DHBF voltou seus olhares para a atuação do tráfico.


“Como é que um cara aparece torturado, com eles (moradores) dizendo que era o cara? Amarrado, com um cartaz? O cara confessa e o tráfico não mata, seja o que for que ele tenha confessado. Então isso é estranho. Se passou muito tempo. A gente achava que não seria possível isso no início. Depois de praticamente um mês, a gente começa a repensar a possibilidade de ter sido o tráfico”, avaliou.


Luiz Henrique Oliveira, gerente do SOS Crianças Desaparecidas, diz que vem conversando com as famílias e com a polícia, e ressaltou que o caso vem sendo tratado com cuidado. "É um caso enigmático. Temos que dar uma resposta positiva", finalizou.

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