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Paraibano que vivia nas ruas do Recife, é reencontrado; ele relata o sofrimento que viveu nas ruas

10.3.19

/ por casinhas agreste

Morador de rua pede ajuda em unidade de saúde e reencontra família após ficar um ano desaparecido
Assistente social da UPA da Caxangá, no Recife, conseguiu entrar em contato com pai de jovem, que mora na Paraíba. Família acreditava que homem tinha morrido.
Por Pedro Alves, G1 PE

Jakson (de branco) reencontrou família com ajuda de Swany (à esquerda), no Recife — Foto: Reprodução/WhatsApp


Um morador de rua, de 29 anos, reencontrou a família no Recife, depois de ficar um ano desaparecido. Jakson Santos conseguiu voltar para casa, em Campina Grande, na Paraíba, com a ajuda de uma assistente social da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Caxangá, na Zona Oeste da capital pernambucana, que localizou o pai do jovem.

Vítima de alcoolismo, o rapaz sumiu de casa no início de 2018. Desde então, a família o procurou em inúmeros lugares e chegou a registrar um boletim de ocorrência sobre o desaparecimento. Os pais acreditavam que ele estava morto. O reencontro de Jackson com o pai e a madrasta ocorreu na sexta-feira (8).

No Recife, após vagar entre Pernambuco e Paraíba. durante um ano, ele decidiu pedir a ajuda para a assistente social Swany Ramos, que entrou em contato com unidades de saúde do estado natal de Jakson, até falar com o pai do rapaz.

Segundo Swany, na quarta-feira (6), Jakson deu entrada na UPA com um ferimento no pé, causado pelo excesso de caminhadas. Ele recebeu alta no mesmo dia, mas na quinta-feira (7), decidiu voltar à unidade de saúde para pedir ajuda.

"Ele pediu ajuda não mais como paciente, disse que queria parar com o alcoolismo e que gostaria de encontrar a família. Como ele não tinha contato algum, investigamos e ele contou que já havia sido tratado numa UPA da cidade. Liguei para lá e peguei o contato de seu pai, mas não consegui falar com ele. O pessoal de lá da Paraíba intermediou e, assim, conseguimos", afirma.
Família espalhou cartazes sobre desaparecimento de jovem encontrado no Recife — Foto: Reprodução/WhatsApp Família espalhou cartazes sobre desaparecimento de jovem encontrado no Recife — Foto: Reprodução/WhatsApp
Família espalhou cartazes sobre desaparecimento de jovem encontrado no Recife — Foto: Reprodução/WhatsApp

Pai de Jakson, o taxista Jurandi Santos afirma que não tinha mais fé no retorno do filho. Ele chegou a procurar a polícia e Institutos de Medicina Legal (IML) para reconhecer corpos de jovens assassinados que, segundo ele, poderiam ser seu filho. A família distribuiu cartazes pelas cidades vizinhas e anunciou o sumiço do jovem em rádios e jornais.

"Um dia, ouvi que houve um homicídio em João Pessoa (PB), vi uma foto da vítima e estava certo de que era meu filho, mas o nome do rapaz era outro, mas eu só me sossegaria quando visse o rosto dele. Não consegui nada, mas prestei queixa do sumiço e o delegado disse para aguardar. Não tinha mais fé de que ele apareceria", diz.

Ainda segundo Jurandi, anteriormente, por causa do alcoolismo, o filho costumava desaparecer de casa por alguns dias, mas nunca por um período de tempo tão longo. Depois de um ano, a primeira notícia que eles tiveram de Jakson foi no início de março, mas o rapaz não quis contato com a família.

Após o reencontro, o taxista comemorou os primeiros momentos na companhia do filho e disse vai ajudá-lo a reconstruir a vida.

"Hoje, eu estou bem, pela primeira vez, em muito tempo. Há uma semana, me ligaram de Vitória de Santo Antão (na Zona da Mata de Pernambuco) e disseram que ele estava lá, mas que não queria ajuda. Ontem, disseram que ele estava aqui (no Recife) e foi quando falei com ele. Quando ele perguntou pelos avós, tive certeza de que era meu filho. Ele estava com o pé ferido, não aguentava mais", afirma.
'A violência da rua me fez querer voltar'
Jakson convive com o alcoolismo desde o início da vida adulta. Segundo ele, a bebida sempre foi um problema e a vergonha causada pelo vício era o que o fazia agir impulsivamente e o afastava cada vez mais da família.

O rapaz contou que a violência que presenciou nas ruas foi o que lhe fez querer voltar para casa. O caso que mais o impactou foi um homicídio que, segundo ele, ocorreu durante o carnaval de 2019. A Secretaria de Defesa Social registrou 62 assassinatos no estado, entre o sábado (2) e a terça (5).

"Eu vi um cara matando outro, na minha frente. Nesse tempo, vi muita coisa e sofri muita coisa também. Nas estradas, via muita violência e me escondia no mato para escapar. Já levei uma garrafada e, se não tivesse fechado os olhos, teria ficado cego. Tenho a cicatriz até hoje", afirma.

Ainda segundo Jakson, a cada recaída, a vergonha que ele sentia por causa do alcoolismo aumentava. Desde jovem, ele trabalhou informalmente em mercados e outros estabelecimentos comerciais, mas sempre deixava os empregos por causa da bebida.

"Quando você é jovem, não pensa muito bem. Eu brigava muito com minha família, todo mundo ficava revoltado. Quando ficava sóbrio, vinha o desgosto comigo mesmo, porque você não compreende o porquê das suas ações. Era aí que eu ganhava o mundo, bêbado, doido. Teve um momento que eu não quis mais voltar para casa para não dar mais trabalho", declara Jakson.

De volta à família, Jakson diz que pretende se recuperar.

"Quero botar a cabeça no lugar e dar orgulho à minha família. Quando me recuperar do pé, vou procurar ajuda psicológica e tentar me curar do alcoolismo", afirma.


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