Blog do Jamildo
O procurador de Justiça do Ministério Público do Estado de Pernambuco (MPPE), Charles Hamilton dos Santos Lima, repercutiu em uma rede social, nesta segunda-feira (17), um artigo publicado no jornal Folha de São Paulo.
O artigo acusa os “bolsonaristas” de quererem “dar um golpe”, caso eleito o candidato presidencial do PSL, o deputado federal Jair Bolsonaro. Veja aqui.
Charles Lima, conselheiro do MPPE, o colegiado mais importante da instituição, concorda com a suposta intenção “golpista” de Bolsonaro.
“Gostaria de pensar diferente, mas todos os sinais apontam para, se eleito, seja exatamente isso que venha a fazer”, aponta o procurador do MPPE.
Veja a íntegra do artigo da Folha de São Paulo, que afirma que Bolsonaro quer dar um golpe, repercutido pelo procurador do MPPE:
Os bolsonaristas querem dar um golpe
Resta perguntar como chegamos ao ponto de essa proposta liderar as pesquisas
Bom, é isso, amigo. Se você quiser eleger Bolsonaro, aproveite, porque deve ser seu último voto. Depois da última semana, não há mais dúvida de que o plano dos bolsonaristas é dar um golpe. Golpe mesmo, golpe raiz, não esses golpes Nutella de hoje em dia.
Sejamos honestos, nunca houve motivo para suspeitar que Jair Bolsonaro fosse um democrata.
Nunca vi uma entrevista em que Bolsonaro prometesse reconhecer o resultado da eleição em caso de derrota. O que vi várias vezes foi discurso picareta sobre urnas eletrônicas.
Bolsonaro defendeu a ampliação do número de membros do Supremo Tribunal Federal, o que é a página 2 do manual do ditador. Chávez fez, a ditadura militar fez, todo ditador faz. Afinal, a Constituição é o que o Supremo disser que é: se você encher o Supremo de puxa-sacos, a Constituição passa a ser o que você quiser. Daí em diante, você é ditador.
Bolsonaro escolheu como companheiro de chapa Hamilton Mourão. Em entrevista recente à GloboNews, Mourão defendeu que o presidente da República (qualquer presidente? Um eventual presidente Boulos?) tem o direito de dar um “autogolpe” se perceber que há uma situação de anarquia.
Na verdade, ninguém tem mais condições de criar anarquia do que o próprio presidente da República. Por esse motivo, nenhum país sensato deixa que o presidente vire ditador se achar que há anarquia demais.
O mesmo Mourão agora defendeu que se faça uma nova Constituição sem essa frescura de envolver gente eleita pela população.
A Constituição seria feita por uma comissão de notáveis; “notável” é como ditador chama os próprios puxa-sacos.
Segundo o plano de Mourão, essa Constituição depois teria que ser aprovada por referendo. Nada contra referendos, mas, se você segue o noticiário sobre a Venezuela, já viu para onde isso vai. Quando fizerem o referendo, a oposição já vai ter sido atacada e enfraquecida, e a população vai votar com medo. É a página 3 do manual do ditador.
Enfim, é isso. Se você for a favor disso tudo, vote no Bolsonaro. Se não for, vote em outra pessoa.
Resta perguntar: como chegamos no ponto em que a proposta de matar a democracia lidera as pesquisas com cerca de um quarto das intenções de voto?
Nos últimos anos, a opinião pública brasileira ganhou muito poder. A Lava Jato mostrou à população que a corrupção era generalizada. As redes sociais tornaram possível expressar essa indignação com ferocidade.
O lado bom disso tudo é evidente. Políticos têm mesmo que viver meio assustados com a população.
O lado ruim é que não tem sido fácil governar o país, porque o momento exige que se faça muita coisa que é impopular.
O plano dos bolsonaristas é pegar a sua raiva contra tudo que está aí e apontá-la contra a democracia. Sem democracia, governar volta a ser fácil, porque o governo nunca mais vai ter que se importar com você ou sua rede social.
Esse truque está na página 1 do manual do ditador. E quando você não puder mais reclamar, não puder mais fazer impeachment, não puder mais xingar no Facebook ou fazer passeata, aí entra em cena Paulo Guedes com seu programa de ajuste muito mais radical do que o de qualquer outro candidato. E aí, pode ter certeza, você não vai ter dinheiro para comprar arma nenhuma, mesmo se as lojas já puderem vendê-las.
Celso Rocha de Barros
Servidor federal, é doutor em sociologia pela Universidade de Oxford (Inglaterra).
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