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Em Surubim, cisternas garantem acesso a água, veja o caso de outros Municípios no Estado

21.4.15

/ por casinhas agreste

CISTERNAS GARANTEM ACESSO À ÁGUA
A luta do nordestino por água é conhecida por todos e durante anos foi o único retrato de uma população castigada por grandes estiagens. Para muitos moradores, o armazenamento do líquido em condições de uso, tanto para serviços gerais, quanto para beber, sempre foi um grande desafio. As secas, em geral mais severas no Sertão, eram, e ainda são em alguns locais, castigantes para os moradores e obrigam as pessoas à percorrerem grandes distâncias em busca de água. A cena de uma mulher com a lata d'àgua na cabeça pintou a rotina e firmou um quadro difícil de esquecer.

Mas o retrato começa a receber novos tons com a política de erradicar o risco hídrico e a extrema pobreza, proposta pelo Governo Federal. A meta era distribuir, até o final de 2014, 750 mil cisternas de placa e polietileno para famílias do semiárido brasileiro, por meio do Programa Águas para Todos, do Ministério da Integração Nacional (MIN). Em Surubim, uma das cidades do Agreste de Pernambuco que decretou situação de emergência este ano, foram instalados 1.311 reservatórios em comunidades rurais onde o acesso à água ainda é um fator de risco.

A chegada das cisternas trouxe conforto para moradores de vários municípios do Agreste e Sertão do Estado. “Na cidade, muita gente vive reclamando que fica dez, quinze dias sem água. Sabe quantos dias eu fico? Nenhum!”, disse a dona de casa Eluzinete Maria Pereira, 58 anos, moradora do Sítio Queimada Grande, zona rural de Lagoa Grande, no Sertão, que hoje conta com um reservatório, onde guarda água da última chuva.

O acesso à água aos poucos também vai tirando a poeira deixada pelo rastro da seca na região. “Se não fosse a cisterna, a gente morria de sede e fome”, disse, aliviado, o agricultor Geraldo Rodrigues Ramos, 53, que antes de ser contemplado com o reservatório, percorria quilômetros de casa até a cidade de Lagoa Grande, para conseguir água. “A gente sofria tanto. Era tanta dificuldade pra ter água em casa, principalmente pra beber. Todo mundo tinha de carregar lata d’água na cabeça e agora a gente vê esse tanto de água na porta de casa.”, lembrou.

Em Calçado, cidade distante 217 km do Recife, foram instaladas 218 cisternas de polietileno, beneficiando mais de mil pessoas que residem em 15 das 17 comunidades rurais que formam o município. De acordo com o secretário Municipal de Agricultura, José Cláudio dos Santos, a situação era tão crítica que em alguns casos a prefeitura tinha o carro-pipa, mas o homem do campo não tinha onde receber a água. “Todos ficavam de mãos atadas. Quando chovia o agricultor não tinha onde aparar essa água; e quando a gente mandava o carro, eles colocavam em baldes e tambores que não duravam uma semana”, explicou ele, lembrando que mais de 750 famílias receberam cisternas.

No Sítio Marrecas, zona rural do município, o benefício garantiu qualidade de vida. “A gente carregava muita água pra dentro de casa. Quando faltava a gente também pedia aos vizinhos e graças a Deus nunca deixaram de nos ajudar. Hoje, a cisterna da gente está aí cheia com água boa de beber e se alguém precisa a gente ajuda também. É uma bênção muito grande, uma riqueza pra quem mora aqui”, disse a dona de casa Angelita Pereira Batista, 62, mãe de oito filhos.

EMPREGO E RENDA - A construção de cisternas de placa tem gerado emprego e renda para mulheres no Sertão. As cisterneiras, como são conhecidas, são treinadas para construir os reservatórios nas comunidades rurais. A Casa da Mulher do Nordeste (CMN), localizada na cidade de Afogados da Ingazeira, no Sertão, já capacitou dezenas de sertanejas para o trabalho considerado de “homem”. A intenção é de que o número de mulheres capacitadas aumente nos próximos meses com a assinatura de novos acordos com o Governo Federal.

Para Tatiane Faustino, técnica em agroecologia e educadora da Casa da Mulher do Nordeste, a geração de renda é fundamental para o desenvolvimento social e melhora na qualidade de vida das famílias. “As mulheres passaram a dominar a tecnologia, antes sob custódia do homem. Passaram a construir as cisternas e administrar a água do reservatório. Hoje, são multiplicadoras do conhecimento e mudam a realidade do local onde moram”, conta. Para cada cisterna construída, a mulher recebe cerca de R$ 1.200, de acordo com a CMN.

Para se capacitar, as mulheres devem procurar representantes das entidades nos conselhos rurais municipais ou nas secretarias de Assistência Social. “Não há nenhum critério mais importante que a vontade de aprender. A maioria das mulheres que fazem o curso mudam de vida. Quem antes dependia de programas sociais e plantava para comer, tem hoje algo maior, uma nova esperança para seguir a luta diária de ser mulher no Sertão”, complementa Tatiane Faustino.

A maioria das cisternas ainda são construídas por homens e algumas delas apresentam rachaduras, como as cisternas construídas na zona rural de Serra Talhada, no Sertão. Para o secretário de Agricultura do Município, José Pereira, as rachaduras são resultado do calor escaldante da cidade. “O solo cede com a falta de chuva e acaba rachando a cisterna. Quando chove, vaza água, mas a gente conserta logo. Não temos cisternas de polietileno aqui na cidade porque a de placa é mais barata e ainda gera emprego para os moradores daqui”. São mais de três mil cisternas de placa instaladas em comunidades rurais.

No Agreste, também tem rachadura. Alguns cisternas no Sítio Serrote dos Bois, em Caruaru, não aguentaram o calor e ficaram danificadas. De acordo com Rodolfo Melo, coordenador da Diocese, responsável pelo cadastramento e distribuição dos reservatórios, as rachaduras ocorrem, mas são facilmente solucionadas. “Não atinge nem 10% dos reservatórios distribuídos. Em Caruaru, instalamos 2 mil cisternas de 16 mil litros e 250 de 52 mil litros. Quando recebemos relatos de rachaduras, enviamos material para reparo e se preciso, reestruturação do reservatório”, explica.

TECNOLOGIA - As cisternas de polietileno distribuídas pelo Governo Federal são alvos de controvérsias, mas também tem ajudado o homem do campo a armazenar água durante a seca. Alguns agricultores afirmam que com o calor, o reservatório derrete ou sofre danos que impedem o armazenamento correto do líquido. Já para Fabiano Gonçalves, diretor da Acqualimp, uma das fabricantes da cisterna, o material utilizado na fabricação dos reservatórios é adequado à região. “A resina de polietileno somente pode fundir a uma temperatura de 147o C, sendo que na região a temperatura máxima pode oscilar em torno de 50º C em períodos de clima mais severo. O polietileno, por sua elasticidade, impede que os tanques apresentem fissuras e trincas, impede vazamentos da água, assim como a contaminação por outros líquidos e resíduos sólidos. Desta forma, preserva a qualidade da água armazenada e proporciona benefícios para a saúde da população atendida. Uma cisterna de polietileno pode durar mais de 35 anos”, explica.

A manutenção de uma cisterna de polietileno é de baixíssimo custo, necessitando apenas de limpeza interna uma vez por ano, a qual pode ser feita normalmente pelo próprio beneficiado. Há uma linha gratuita para atender aos beneficiados que podem ligar em caso de dúvidas e até pedir a troca do reservatório, que tem cinco anos de garantia para defeitos de fabricação, quando necessário. O telefone 0800-081-6060 está disponível de 2ª a 6ª das 8h às 17h.

COMO TER ACESSO?
Os municípios que recebem as cisternas são definidos em diagnóstico feito a partir do Cadastro Único (CadÚnico), considerando informações sobre a existência de domicílios rurais sem acesso à água em seu território. As cidades que fazem parte do programa criam um Comitê Gestor local ou Comissão Municipal, composto(a) por representantes da sociedade civil organizada e do poder público. É o Comitê ou a Comissão que seleciona os beneficiários, a partir do Cadastro Único, podendo também indicar outras famílias sem acesso à água. Pedidos de expansão para outras cidades devem ser apresentados ao Comitê Gestor Nacional do programa.

Os pré-requisitos estabelecem, entre outros pontos, a necessidade que a família apresente renda familiar per capita de até R$ 154 mensais; e a coberta da residência deve ser, obrigatoriamente, de telha. Na dúvida, é importante procurar o Comitê Gestor da cidade ou a liderança comunitária da localidade onde mora. Na ausência deles, deve acionar a Secretaria de Agricultura do município ou órgãos como a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e Departamento Nacional de Obras Contras as Secas (Dnocs), que estão aptos a tirar dúvidas e orientar quais procedimentos são necessários para ser beneficiado com o programa sem qualquer custo.

EM PERNAMBUCO
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), ações como Operação Carro-pipa, Cisternas de Produção Animal, Perfuração e recuperação de poços, além de Bolsa Estiagem, Garantia Safra, Venda de Milho e Linha de Crédito são algumas das ações emergenciais que contribuem para minimizar os impactos da seca no País.


POÇOS - Para amenizar o sofrimento do homem do campo, os municípios também estão perfurando poços artesianos. Em Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste, o secretário de Agricultura e de Desenvolvimento Econômico, Bruno Bezerra, revela que a maioria dos poços está na zona rural, onde as pessoas têm mais dificuldade no acesso à água. “Nós ainda estamos buscando novos caminhos para captar mais recursos, seja junto ao Governo Federal ou Estadual, para que os moradores possam conviver melhor com o árduo período de estiagem”, pontuou.

No Sítio Cajado dos Tatus, zona rural de Surubim, a agricultora Mônica Josefa Lira, 57, viu sua produção agrícola acabar e precisou tomar uma medida emergencial. “Chamei a prefeitura para construir um açude dentro do meu terreno. A minha esperança é que chova nos próximos dias para encher essa área, se Deus quiser”.
Do Jornal do Comércio

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