
O prefeito Josimar Coelho guarda a frota da Prefeitura na garagem da sua casa

Segundo ele, os dois maiores problemas são falta de água e saúde. Sem o programa Mais Médicos, vitrine do Governo Dilma, a Prefeitura só consegue custear as despesas de dois profissionais para atender a população em três postos de saúde. Eles moram em Simplício Mendes e só aparecem em Bela Vista três vezes por semana. Mas o prefeito é grato ao que o Governo Federal vem fazendo pelo município.
“O município não tem barragem para abastecimento. A água chega por 58 poços, cuja manutenção é muito cara”, reclama. Quanto à saúde, afirma que é obrigado a cobrir as despesas com as transferências de pacientes.
“Os doentes graves aqui são removidos para Teresina”, diz. O gabinete do prefeito, símbolo do poder, também é igualmente símbolo da pobreza franciscana de Bela Vista: funciona precariamente numa escola, sem espaço para abrigar as secretarias. Em município tão carente, a Prefeitura se transforma num grande amparo.
Mas seu cobertor é curto, abriga apenas 180 servidores, que consomem praticamente todo o FPM de R$ 229.705,00. As transferências do programa Bolsa Família, hoje no valor de R$ 120.115,00, representam mais da metade do FPM. O prefeito ganha R$ 10 mil, salário de marajá para um município com tantos contrastes sociais.
Já os secretários – seis ao todo – recebem R$ 2 mil, valor que dá para manter outras atividades, como criar gado. Não fossem os programas sociais, a seca, que dizima o rebanho e reduziu a pó as produções de milho e feijão, já teria provocado danos maiores e consequências imprevisíveis.
A seca vem dizimando o rebanho e promovendo o banquete dos urubus
O programa “Pelo Brasil Sem Miséria”, extensão do Bolsa Família, distribuiu a cada família este ano, a fundo perdido, R$ 2.400 para investir em atividades rurais. A maioria optou por construir nos fundos das casas abrigos para rebanhos ou ampliar suas criações de porcos, ovelhas ou galinhas.
Para garantir a oferta permanente de água para os animais e pequenas lavouras estão sendo construídas no município cisternas-calçadões. Nesse sistema, grandes placas de cimento canalizam a água para os reservatórios, capazes de armazenar 52 mil litros, três vezes mais que as cisternas comuns.
Segundo a secretária de Ação Social, antes dessas ações o agricultor "ia trabalhar nas roças dos outros para conseguir R$ 15 por dia para comprar o leite para o filho". "Era o tempo da proteção de Deus e do braço para cuidar da gente", lembra Edmilson Coelho Barbosa, 34 anos, que disse ouvir isso do seu pai, para acrescentar: "Era uma escravidão".
Foi no governo Dilma que as crianças em idade escolar passaram a ser buscadas na porta de casa por ônibus escolares amarelos, como os usados nos Estados Unidos. E não exclusividade de Bela Vista do Piaui. O vaivém dos veículos, entregues às prefeituras pelo programa federal Caminho da Escola, chega a causar pequenos congestionamentos em algumas cidades percorridas pela reportagem no Sertão do Canindé.
Fotos: Magno Martins e Otávio Souto.
Edição: Ítala Alves
Blog Casinhas Agreste
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