Além da tecnologia, Fred é cantor e bailarino. Foto: Arquivo pessoal
DIÁRIO DE PE
Aos 20 anos de idade Fred Ramon, morador de Cajueiro Seco em Jaboatão dos Guararapes (PE), exibe orgulhosamente as cartas que recebeu de nove universidades americanas em que foi aprovado. O jovem que, desde a adolescência, é apaixonado pela língua inglesa, descobriu ouvindo as músicas de sua cantora favorita, Christina Aguilera, o desejo de aprender as letras e falar o idioma da cantora. Assim, ele começou a aprender inglês.
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Com uma renda limitada de R$ 60 por semana — valor que a sua mãe ganhava como faxineira, Fred resolveu ir atrás de escolas que ofereciam cursos gratuitos e pudessem ajudá-lo. Com 14 anos, ele começou oprimeiro curso de inglês, gratuitamente, assim como outros que conseguiu fazer, como informática. Inspirado a alcançar seus objetivos, o jovem diz que se inscrevia em diversas competições para ampliar seu currículo.
Em 2016, ele participou de um concurso da Secretaria de Educação do município de Jaboatão dos Guararapes, onde alcançou o primeiro lugar na classificação após apresentar o projeto que buscava renutrir, por meio de uma fonte mineral, uma área do solo que havia sofrido erosão.
Quando terminou o ensino médio, em 2018, a expectativa era ingressar em uma universidade federal, plano que foi adiado, pois o estudante via como seus colegas sofriam no deslocamento para as UFs. Foi, então, que resolveu trabalhar. Com inglês fluente, ele dava aulas particulares e, em comunidades mais carentes, também se destacava por sua veia artística — talento reconhecido no concurso municipal Conselheiro Municipal de jovens artistas, em 2017. Com essa bagagem, Fred passou em processo seletivo de emprego em uma empresa de viagem, onde embarcou em um cruzeiro para Dubai como instrutor de dança, trabalho que foi interrompido com a pandemia.
Durante essa pausa, ele descobriu que seu sonho de vida seria estudar fora e, por isso, começou a estudar ainda mais, dia e noite, em seu quarto. Segundo ele, a rotina de estudo fez a mãe ficar preocupada. Mas, em março deste ano, o esforço foi compensado, quando recebeu a carta de aprovação da primeira universidade, Manhattanville College. A carta destacava que a inscrição de Fred foi uma das mais talentosas no ano de 2021. Em seguida, ele foi aprovado em outras oito instituições: Whittier College; Universidade de Inovação ASU; Florida Tech; Temple University; University of Arizona; Stetson University; Adelphi University; e University of La Verne.
“Durante toda a pandemia, estudei com o propósito de me preparar para o vestibular americano e, após alcançar uma nota acima da média em provas de inglês Duolingo Test, e recomendações de professores e da Junior Achievement PE, conseguir ser aprovado em nove universidades para graduação em Nova York e Los Angeles e outros estados americanos”.
Entre todas as opções, o jovem resolveu unir duas paixões, os estudos em tecnologia e o teatro, uma vez que a universidade Whittier College, na Califórnia, permite que isso seja possível, assim como cobre 70% dos custos, o que significa que o estudante ainda terá que custear cerca de 31 mil dólares.
“Tendo a pobreza como um sério problema em comunidades em Pernambuco e no Brasil, meu objetivo é construir um projeto de articulações com órgãos americanos que se abrem, para levar programas de capacitação e financiamento para pequenos e médios negócios locais, isso para famílias desempregadas em comunidades de baixa renda em Pernambuco e no Nordeste. Na faculdade Whittier College em Los Angeles na Califórnia, vou estar conquistando o sonho de estudar economia com ciência da computação e estudos globais possivelmente no próximo outono americano”, afirma.
Na expectativa de conseguir o valor restante para arcar com os gastos, Fred se inscreveu em cerca de 40 fundos externos, como o Fellowship TECH da Fundação Estudar, de 2021 para estudantes que estão tentando ir estudar tecnologia no exterior. Como os resultados ainda não saíram, ele espera juntar algum valor com contribuições em uma vaquinha on-line, que divulgará em breve em suas redes sociais. Os interessados em ajudá-lo poderão participar.
O jovem é ainda mais otimista quando revela que seu maior sonho é conhecer o bilionário Elon Musk, um empreendedor sul-africano mundialmente conhecido por fundar e liderar grandes empresas de tecnologia. “Ele tem muito para ensinar, a história de como ele conquistou tudo o que tem; saiu do lugar em que morava com 18 para estudar fora, assim como eu. Ele tinha objetivos, eu quero conhecer e quem sabe até trabalhar na Tesla (e empresa do Elon Musk)”.
Por fim, Fred conta que os três pontos principais de sua aprovação foram: a redação — cujo tema foi “Trabalho informal no Brasil”, os extras curriculares — sua pesquisa sobre solo citada no texto, e por fim as cartas de recomendação, incluindo uma de seu primeiro professor de inglês. Com a bolsa dos fundos externos dando certo, ele deve começar seus estudos no meio de agosto, caso não consiga, Fred diz que tentará outros financiamentos, adiando assim, seus estudos para janeiro de 2022.
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