Na primeira fase, atual prefeito e o anterior foram alvo. Segundo PF, ação desta quinta dá continuidade à apuração de esquemas ocorridos entre 2013 e 2016. Carros, documentos e celulares foram apreendidos.
G1 PE
Veículos apreendidos durante a operação deflagrada nesta quinta-feira (20), no Recife — Foto: Polícia Federal/Divulgação
A Polícia Federal (PF) apreendeu carros e documentos, nesta quinta-feira (20), dentro da segunda fase da operação que investiga desvio de recursos públicos, fraudes em licitações e lavagem de dinheiro na cidade de Timbaúba, na Zona da Mata do estado. Ao todo, quatro mandados de busca e apreensão foram expedidos para endereços no Recife e em Timbaúba.
Os alvos, de acordo com a PF, foram empresários e "laranjas" ligados aos envolvidos na primeira fase. As investigações apontaram que, entre os anos de 2013 e 2016, houve fraudes nos processos licitatórios realizados pela prefeitura de Timbaúba para a aquisição de medicamentos e materiais odontológicos e hospitalares destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS), segundo a PF.
"O objetivo específico da segunda fase da Operação Desmame é a apuração da participação de interpostas pessoas, seja empresários, ou então 'laranjas' mesmo, pessoas que não tinham a gestão dessas empresas, e também testas-de-ferro, pessoas que eram ligadas a um dos gestores públicos investigados", disse o delegado Daniel Silvestre (veja vídeo abaixo).
Operação apura participação de empresários e 'laranjas' em fraudes em Timbaúba, diz PF
Em fevereiro deste ano, a primeira fase da Operação Desmame teve entre os alvos o atual prefeito da cidade e ex-deputado federal, Marinaldo Rosendo (PP), e Júnior Rodrigues, que também ocupou o mesmo cargo entre 2014 e 2016.
Rosendo já havia sido prefeito entre 2009 e 2013, mas renunciou para concorrer ao cargo de deputado federal. Rodrigues tentou a reeleição, mas não conseguiu.
"Também [foi apurado] a atuação de servidores, gestores municipais e empresários [...] na tramitação de recursos entre empresas ligadas a um desses gestores e a empresa contratada pela prefeitura para o fornecimento desse material hospitalar, desses medicamentos", afirmou o delegado.
Os nomes dos investigados nesta quinta não foram divulgados. "Dois veículos foram apreendidos e também materiais, como documentos, telefones celulares e mídias computacionais. Todo esse material será analisado pela perícia da Polícia Federal", relatou o delegado.
Mandado cumprido na casa de um dos alvos da segunda fase da Operação Desmame, deflagrada nesta quinta-feira (20) — Foto: Polícia Federal/Divulgação
Em nota, a prefeitura de Timbaúba informou que, embora não tenha recebido diligencias da Polícia Federal nesta quinta- feira (20), "se mantem à disposição para prestar esclarecimentos e colaborar com as investigações" e que aguarda a conclusão das investigações "para adoção das medidas cabíveis".
Investigação
Há quatro anos, a Polícia Federal recebeu uma denúncia anônima sobre direcionamento em licitações, com favorecimento a uma distribuidora sediada em Timbaúba, e irregularidades na execução de contratos que contavam com aporte de recursos do Sistema Único de Saúde (veja vídeo abaixo).
VÍDEO: Atual e ex-prefeitos de Timbaúba foram investigados por desvio de dinheiro do SUS na primeira fase da Operação Desmame
Um inquérito foi aberto depois de que a PF confirmou em parte a denúncia e obteve evidências de favorecimento à distribuidora.
A PF afirmou que seis das sete licitações investigadas entre 2013 e 2016 foram vencidas pela mesma empresa, com valores até 50% inferiores aos preços de referência que constavam nos editais. Ao todo, as licitações custaram R$ 7.916.744 aos cofres públicos.
Foram encontrados vínculos entre a empresa contratada e os políticos do município, com movimentações financeiras na casa dos milhões de reais, segundo a investigação. Após a primeira fase da operação, a PF identificou que o esquema contava com pessoas que atuavam como "laranjas".
Os suspeitos podem responder pelos crimes de fraude à à licitação, falsidade ideológica, peculato, lavagem de capitais e organização criminosa, conforme informou a polícia.
Na primeira fase da operação, a comunicação da Polícia Federal informou que o atual prefeito estava construindo um "mini castelo" e que era investigada a possibilidade de dinheiro desviado ter sido usado na obra.
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