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Cada vez mais messiânico, o PT adota o “Lula em breve vem”

30.7.17

/ por casinhas agreste

Do JC
Foto Ricardo Stucker

 
Em nome de Lula, o Partido do Trabalhadores está se tornando uma agremiação política muito particular. Abandonou a linha de busca de ser uma referência moral, de defesa da honestidade intelectual e de comportamento exemplar de seus integrantes, para acreditar numa promessa de volta ao poder com o seu criador redivivo politicamente.

A nova profecia do PT diz que Lula vai voltar. E quando ele voltar, vai operar o milagre da devolução das conquistas sociais e espaço dos movimentos sociais no governo, além de um exercício duro contra os infiéis da “mídia golpista” que atuam em nome das forças do mal.

A nova promessa não trabalha, essencialmente, com a eleição do ex-presidente em 2018. Trabalha com a ideia de tornar Lula um guia espiritual, além de político. Com ideia de que, se conseguir ser candidato, nenhum poder do mal irá tomar-lhe o poder que virá das urnas. E que, mesmo se perder nas urnas, o resultado terá sido tomado por um impostor infiel. E ainda com a possibilidade de, não sendo candidato, nenhum brasileiro que seja eleito ano que vem terá representatividade. Importa pouco se o eleito em 2018 tiver mais de 50 milhões de votos.

A certeza de que, somente Lula presidente poderá salvar o país, remeteu o seu partido a uma espécie de seita neopentecostal nos anos 80 quando milhares de desesperados acorriam às igrejas instaladas em galpões levando carteira profissional para serem benzidas e saíam dos cultos certos de que suas vidas iria melhorar. Não antes de depositar na cestinha o dinheiro que tivessem no bolso.

Os neopentecostais, como sabemos, evoluíram com suas igrejas. A alegria dos cultos e a performance de alguns pastores ainda faz parte de algumas solenidades. Mas a maioria esmagadora agora é dizimista (contribui com o dízimo mensalmente) e adotou a chamada Teologia da Prosperidade desenvolvida nos Estados Unidos. Ela prega, além do crescimento pessoal, a seriedade no comportamento pessoal, social, ético e honestidade absoluta nas suas relações financeiras. Nessa nova conduta não basta ser honesto. Tem que se provar honesto.

A maioria das igrejas neopentecostais também evoluiu para uma participação pragmática na política e, faz tempo, foi se afastando o PT depois das denúncias de mal feito de seus dirigentes.
Foto Agência Brasil

Outra marca dessa nova face dos neopentecostais é a busca da educação religiosa com pesados investimentos em faculdades para formação acadêmica de seus pastores e a consolidação de pessoas com um nível mais alto de escolaridade, o que tem feito as igrejas cada vez mais discretas em seus cultos.

Claro que pregadores novatos, entusiasmados e estridentes estão sempre nas ruas com mensagens pouco fundamentadas. Mas, definitivamente, esse não é o perfil do grupo que já faz do Brasil um país com um quarto de seus habitantes se declararem evangélicos.

O problema do PT é que ele está adotando o modelo neopentecostal antigo. E passou a ter uma certeza absoluta de que o grande líder está sendo vítima de “crucificação” política. Aliás, parte de grupos sociais que o apoiam, inclusive, já o colocam em cruzes com sua imagem abaixo de Jesus Cristo, o que irritou profundamente outros grupos cristãos.

Mas, o Lula parece não estar muito preocupado com isso. A narrativa criada por ele é bem construída. Negar tudo, sempre. Não retroceder um milímetro na fé e não aceitar opiniões contrárias. Lula, simplesmente, julga-se inimputável. E é sobre essa base teocrática que os seus seguidores devem ir anunciar a boa nova.

Naturalmente, isso está afastando os grupos mais esclarecidos. Uma boa parte do PT achava que, como a corrupção foi perpetrada pela cúpula do partido que, aliás, está presa ou processada em todos os mais diversos tribunais, o mais saudável seria fazer uma revisão, excluir ou não proteger os membros infiéis e retomar o partido.

Um novo PT poderia voltar com o discurso que encantou as massas pela promessa de fazer diferente. Esse seria o mais lógico, pois, não dá para achar que os milhões de filiados compactuam com o comportamento deletério de uma parte da elite que se apropriou e se locupletou do partido. O problema é que, naturalmente, isso reduziria o poder central de Lula.

Lógico que isso não interessa ao ex-presidente. Nem a ele e nem ao seu grupo de seguidores mais próximos, que não estão interessados numa revisão como fizeram os chineses no passado. Não estão interessados em que o nome do companheiro Lula seja transformado num ícone na galeria de honra do politiburo petista como a que existe hoje na China com o camarada Mao Tsé Tung. Ninguém próximo a Lula está interessado em criar um Deng Xio Ping brasileiro como o discurso de que ser honesto é grandioso. Até porque, o Grande Líder ainda está vivo e se bulindo.

Isso fará com que Lula professe uma fé de que, como diz nos seus novos vídeos, só ele tem condições de salvar o Brasil. Também fará com que radicalize no discurso de que, se eleito, devolverá o emprego aos 14 milhões de desempregados, que o Brasil voltará a liderar a geopolítica na América Latina com aproximação integral com a Venezuela e afastamento dos Estados Unidos, além de reintegração ideológica com a Bolívia e Cuba.

O novo discurso de Lula vai no sentido messiânico mesmo, de que é preciso voltar a política econômica do PT. E que questões como o crescimento da dívida pública não se constituem num problema impeditivo de uma nova política de desenvolvimento e que o país, sob seu comando, voltará a crescer já no primeiro ano.

Bom, o discurso é para os seus convertidos, mas vai nessa direção. Ele já funcionou com Dilma, embora o PT já não possa contar mais com João Santana e sua mulher. Mas, isso parece não ser problema. Sempre aparecerá gente disposta a professar a palavra do grande líder.

Até porque, fiéis seguidores, Lula tem muitos.

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