As fraudes no auxílio emergencial não param. O Fantástico fez um novo levantamento e mostra que bandidos procurados pela Justiça - e que já foram mostrados pelo programa recebendo ilegalmente o benefício no ano passado - estão com a primeira parcela do novo auxílio, que começou a ser pago este mês, liberada.
Dos 11 foragidos citados na reportagem de maio de 2020, dez tiveram o benefício liberado em 2021, mesmo com as mudanças nas regras de concessão e com a diminuição no número de pessoas contempladas. Quatro deles, inclusive, foram capturados e estão presos.
O Fantástico também pesquisou, aleatoriamente, dez nomes de foragidos em cada um dos 26 estados e no Distrito Federal. O resultado: todos os 270 criminosos consultados aparecem tendo direito a receber o auxílio emergencial deste ano.
Além disso, jovens hackers do interior de São Paulo também embolsaram o auxílio no lugar de quem precisa. A Polícia Federal descobriu que um grupo de amigos criou um programa de computador que engana o sistema do governo. Primeiro, eles conseguiam as informações de pessoas com direito ao auxílio e faziam o cadastro em nome delas. Depois, recebiam indevidamente as parcelas.
De dezembro para cá, o chefe do grupo, João Vitor Ribeiro, de 19 anos e morador de Tatuí, e os amigos se hospedaram em 21 hotéis. Não era só para esbanjar o auxílio emergencial dos outros, era também uma estratégia. De acordo com a investigação, eles usavam a internet dos hotéis para aplicar o golpe e dificultar a localização do grupo.
A Polícia Federal estima que o valor desviado pela quadrilha pode atingir cerca de R$ 6 milhões. Na sexta-feira passada, João e um comparsa foram presos e R$ 200 mil foram apreendidos. Os investigadores descobriram que os jovens venderam o programa de computador e a estratégia para roubar o auxílio emergencial para outros criminosos. Em Brasília, quatro rapazes que compraram e estavam usando o programa já foram presos.
O Ministério da Cidadania informou que "trabalha diuturnamente para aprimorar o processo de concessão do auxílio", e que "15 grandes bancos de dados são utilizados para conferir quem atende aos requisitos". Segundo a pasta, "quase R$ 336 milhões foram recuperados de pessoas que não se enquadravam nos critérios".
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