A Polícia Federal em Pernambuco informou, nesta quinta-feira (7), que já conta com autorização do Tribunal Regional Eleitoral do Estado (TRE-PE) para instauração de inquérito policial e consequente investigação do caso envolvendo supostas irregularidades na aplicação de recursos de fundo partidário do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro.
De acordo com a PF, nenhuma informação será repassada sobre as investigações que estão em curso. O inquérito deve ocorrer nesses dias. A investigação apura a suspeita da candidatura a deputada federal no ano passado da secretária administrativa do PSL em Pernambuco, Maria de Lourdes Paixão, ter sido “laranja”. Ela recebeu R$ 400 mil de contribuição da direção nacional do partido de Bolsonaro, mas só recebeu 274 votos. O valor é semelhante ao que foi repassado à campanha do presidente, que foi de R$433.346,73.
O dinheiro foi enviado, segundo matéria do jornal da Folha de São Paulo, no dia 3 de outubro, quatro dias antes da eleição. Desse total, Lourdes Paixão gastou 95% em uma gráfica para a impressão de 9 milhões de santinhos e cerca de 1,7 milhão de adesivos. O jornal informou na reportagem que visitou os endereços informados pela gráfica na nota fiscal e na Receita Federal e não encontrou sinais de que estivesse funcionando durante a eleição, quando houve o contrato. À reportagem, o presidente nacional do PSL, deputado federal Luciano Bivar, – disse que o responsável pelos repasse foi o ex-ministro da Secretária-Geral da Presidência Gustavo Bebianno, que à época comandava o partido.
Questionada pelo jornal, a candidata não informou o motivo do repasse e de ter sido escolhida para disputar o cargo. Além disso, afirmou não se lembrar do nome do contador que aparece na declaração. “Recebi um valor expressivo do partido, mas acontece que quando eu vim a receber já era campanha final, entendeu, e não deu tempo para eu meu expandir”, disse.
Sátira
Ao lado de amigos, o professor estadual Luis Carlos, filiado ao PT, aproveita o Galo da Madrugada para fazer ironia com as denúncias contra o partido do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
“Olha a laranja do Bolsonaro, é 17, cadê o Queiroz?”, dizia aos passantes que acompanhavam o tradicional bloco de Carnaval pelo centro do Recife.
O nome do presidente nacional do PSL, deputado federal Luciano Bivar, também foi citado na mesma brincadeira.
“Queremos o Lula Livre”, explicou depois o professor da rede do Estado.
Ele disse que a fantasia era um protesto e uma forma de irreverência.
“O Carnaval nos dá essa liberdade. E nessa liberdade estamos expressando a nossa indignação pela nossa Pátria. A nossa democracia está em risco, depois de terem retirado uma presidenta eleita, honesta, sem nenhuma comprovação de provas, enquanto o Brasil está derramado em corrupção, em laranjas”.
O professor da rede estadual criticou ainda o ministro da Justiça, Sérgio Moro, sem citar o nome dele. “O ministro da Justiça está de olhos fechados e temos uma Justiça que não está funcionando”, declarou.
Ele disse que era a primeira vez que estava lançando mão de uma fantasia política para protestar politicamente.
Bernadete Perez, de 44 anos, médica, disse que o protesto era uma forma de ‘resistência’.
“É a nossa forma de ser feliz”, afirmou a eleitora de Guilherme Bolos no primeiro turno e Fernando Haddad no segundo turno.
No clima do frevo, ela disse que já veio para o Carnaval fantasiada de “empatando sua vista, contra Eduardo Campos”. O bloco citado pela ativista do PSOL buscava constranger o ex-governador Eduardo Campos e o prefeito do Recife, Geraldo Julio, pela aprovação de um projeto imobiliário na capital pernambucana.
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Foto : Brenda Alcântara/ JC Imagem
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Depoimento
Maria de Lourdes já prestou depoimento à PF após a oitiva ter sido remarcada. Após ser ouvida, o seu advogado Ademar Rigueira disse a jornalistas que a saúde da mãe da candidata afetou diretamente a campanha da secretária do PSL. Ela teve um grande problema que foi o estado de saúde da mãe dela, que se internou, e perto da campanha ficou em home care na casa dela. E logo depois da campanha, a mãe faleceu. E isso desestimulou”, explicou o advogado.
Ademar ainda explicou que o repasse feito quatro dias antes da eleição foi um dos principais fatores para a falta de visibilidade da campanha. “Uma ação discutida no Supremo estava estudando essa possibilidade, mas o Supremo só veio decidir isso muito próximo a campanha. Isso dificultou muito a campanha dela”, completou.
Quando questionado sobre onde era localizada a gráfica e por que não foi encontrado as máquinas de impressão no local, Ademar ressaltou que houve mudanças de localização e faltou comunicação sobre isso.
“A gráfica existe e aí foi um grande equívoco de reportagem que saiu. Eu não sei a precisão o endereço da gráfica, mas ela é extremamente conhecida, ela presta serviço ao Ministério Público do Estado. No próprio inquérito aqui já está relacionado em diversas instituições federais que prestam serviço nessa gráfica. Você chegou a ver o material da campanha de Bolsonaro aqui em Pernambuco? De Luciano Bivar? Acredito que ninguém viu. E isso foi distribuído”, questionou aos jornalistas presentes no local.
O advogado ainda acrescenta que a gráfica chegou a realizar campanhas de diversos deputados do estado de Pernambuco. “A gráfica existe. Ela é grande, prestou serviço na campanha de vários deputados aqui de Pernambuco, basta ver no site do Tribunal Eleitoral de Pernambuco”, acrescentou.
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